sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Capitulo 4 - A delegacia.

Tentei abrir os olhos com dificuldade, quando eu piscava, minha cabeça doía, doía muito, olhei em volta, estava escuro, já se fazia noite, porém ainda tinha fogo queimando na ponte e isso iluminava o local. Estava envolto por uma pequena poça de sangue e minha cabeça tinha um corte. Ouvi um barulho, ou melhor, passos, e olhei para cima, a minha sorte é que tinha uma mureta de proteção dá rua para a margem, se não fosse por isso já estava morto por algum infectado. Com dificuldades eu levantei e olhei para a rua, o susto foi tão grande que eu cai sentado no chão. A rua envolta estava lotada de infectados perambulando em direção ao fogo. Seria uma jogada de mestre se eu conseguisse sair de lá sem ser visto ou notado pois eu atrai muitos infectados para esse direção e as ruas devem estar mais vazias. Mas eu estou machucado, como dores, sangrando e sem arma. Não tem eletricidade mais e seria suicídio topar com algum deles somente com a iluminação da minha lanterna e ainda desarmado e sem condições de lutar. Decidir passar a noite ali mesmo, fui para debaixo da ponte, lugar que antes era usado por viciados em Crack, hoje será meu refugio.  Fui até o rio e me limpei um pouco, tirei o casaco molhado para secar e tirei a camisa também. Peguei um lenço que eu tinha na mochila e cobri o ferimento. Fui pegar algo para comer, por sorte todos os pacotes de biscoitos estavam bem fechados e não entrou água. Eu não teria coragem de consumir a água extremamente poluída desse rio, ainda mais que com a explosão outros infectados caíram na água e não sei se pode haver alguma forma de contagio assim e além do mais eu descobri que eles não podem nadar. Me alimentei e depois apaguei.

O sol se fazia em cima de mim, acordei com um pouco menos de dor, meu machucado não sangrava mais e tinha que ir embora dali. Os infectados estavam agitados por algum motivo, não quero ficar e descobrir que é por minha causa, não quero ser o café da manhã de ninguém. Vesti minha camisa e coloquei o casaco na mochila. Peguei um pedaço de ferro que eu achei para usar como um apoio ou uma possível arma. Agora eu teria que andar por 5 quadras até a delegacia, pois o quartel estava longe ainda. A rua em cima de mim estava lotada de infectados que quando não estão caçando, ficam apenas perambulando e emitindo uns sons estranhos, parece ser algum tipo de comunicação. Caminhei encostado na mureta para não ser visto, logo a frente a rua estava mais limpa. Fui andando e olhando para ver se por sorte a minha arma, talvez a correnteza a tenha trago pra cá, mas o mais provável é que nunca mais vou vê-la. Andei por uns 5 minutos beirando a margem e a rua estava quase deserta, tinham alguns carros parados e poucos deles. Se eu for esperto e andar me escondendo, acho que consigo chegar à delegacia. Pulei a mureta e ainda com o ferro na mão para usar de arma, fui andando meio abaixado e entre os carros. Um deles estava vindo na minha direção, me joguei no chão e me arrastei para baixo do carro e saí do outro lado, ele passou direto. Mas sem tempo para respirar mais um veio na minha direção, esse me viu e antes que ele pudesse começar a gritar eu ergui o ferro e dei uma só na sua boca, arrancando seu maxilar e o fazendo cair no chão, puxei a faca e a enfiei em sua cabeça. Ainda abaixado, eu pude ver por baixo do carro que um deles estava em alerta olhando para todos os lados. Precisava sair dali.

Comecei a andar com um pouco mais de pressa e não vi quando pisei em alguma coisa que fez barulho e chamou a atenção dos poucos que estavam ali, não conseguir contar, mas tinham só uns 5 ou 6. Eles estavam vindo pra cima de mim, era a hora de correr, comecei a correr em disparada pulando por cima dos carros que estavam no meu caminho, não tinha tempo de desviar. Um deles apareceu na minha frente e sem recuar ou diminuir a velocidade, eu arrebentei a cabeça dele com o ferro e continuei mantendo o ritmo. Quando eu era da patrulha eu costumava correr atrás de bandidinho e sabia que se eu colocasse todo o meu gás no inicio, alguns segundos depois estava morto e eu tinha uma ótima condição física. Continuei correndo e senti um deles segurando a minha mochila, tive que aumentar a velocidade. Olhei para trás para ver se ele já tinha me soltado e não vi quando eu bati em um carro e capotei para frente. Com isso eles já estavam mais pertos de mim e por sorte a rua estava vazia, mas um quarteirão antes  eu passei catando alguns seguidores que perambulavam por lá. Levantei e comecei a correr de novo. Eles pareciam não se cansar e diferente deles eu já estava exausto e minha cabeça tinha começado a latejar de novo. Precisava de um plano, entrar em uma casa ou em algum lugar, mas todas as casas tinham o muro muito alto e não conseguiria pular. Mas a frente eu vi uma padaria, a porta estava entreaberta e eu precisava entrar lá, correria o grande risco de encontrar algum infectado lá, mas seria mais fácil lidar com ele lá do que com esses em campo aberto, pois tenho a impressão que o numero de “fãs” atrás de mim está ficando maior. Isso, vou entrar lá. Fui em direção a padaria, entrei e fechei a porta. Sabia que a porta não aguentaria por muito tempo, ou quase nada, então empurrei uma geladeira com refrigerantes na frente da porta e peguei a lanterna para iluminar o local. Fui em cada canto da padaria em busca de algum infectado e por sorte ela estava limpa, não poderia ficar ali mais que alguns minutos e já tinha visto uma janela nos fundos por qual eu passaria e despistaria os meus seguidores. Achei uma torneira, joguei um pouco de água no rosto e pensei em procurar por algum medicamento comecei a revirar as gavetas dos caixas e nada, os infectados lá fora faziam muito escândalo esmurrando a porta e gritando, precisava ser rápido. Fui até um local que parecia ser um vestuário para funcionários e achei uma caixinha com analgésicos e remédios para limpar meu ferimento que a essa altura já tinha voltado a sangrar. Limpei a ferida e coloquei uma bandagem com algodão e tomei uns comprimidos para dor, para garantir coloquei algumas cartelas na mochila. Ia saindo de lá, mas achei uns pães que não tinham cara de estarem mofados e a fome era grande e com a correria nem tive tempo de comer algum biscoito que tinha na mochila. Peguei alguns pães e coloquei na mochila, peguei uma garrafa extra de água e precisava sair de lá, a porta já tinha cedido  e eles iriam empurrar a geladeira logo. Quando estava indo para os fundos, a geladeira caiu no chão e a minha única alternativa foi subir uma escada que dava possivelmente para o andar da gerência. Puxei uma prateleira para me dar alguma vantagem e subi as escadas. Realmente era uma área de escritórios e eu corri para a janela, se a altura não fosse muito grande, eu teria que pular. Eu reparei que se eu andasse pelo parapeito da janela, eu conseguiria pular sobe o teto de uma garagem de uma casa e talvez pudesse passar pelos telhados, a delegacia já estava bem perto. Eles começaram a subir a escada quando eu decidir seguir esse plano e quando eles chegaram à janela eu já estava no telhado. Eles ficaram na janela gritando e rosnando. Mostrei um dedo aí pra eles e subi no telhado da casa deixando-os para trás. Não tive dificuldade em passar pelos telhados e logo já estava no telhado da delegacia. A rua estava vazia, mas seria mais fácil se eu entrasse pela janela do que descer e entrar pela porta.

A delegacia estava vazia, não tinham pessoas e nem infectados, fui até o armário de armas. Droga! Estava vazio, alguém teve a mesma ideia que eu. E agora? O que eu faço? Bom, antes de qualquer coisa, eu preciso me alimentar, fui até a porta da entrada e me certifiquei que estava fechada, ela tinha uma parte de vidro e dava para ver que a rua estava vazia também.  Sentei em uma cadeira e comecei a comer os pães que eu consegui pegar e tomar um pouco de água, com essa correria toda, eu precisava me hidratar e tinha me esquecido. Ao terminar o meu lanche, pensei em ir até a garagem para pegar algum carro que estivesse lá, tínhamos o costume de deixar as chaves na ignição dos carros patrulha, para uma emergência. Quando abri a porta da garagem quase cai no chão de susto, tinha sangue para todo o lado, corpos mortos e dilacerados em todo o canto, pessoas que eu conhecia e convivia todos os dias, alguns eram ótimos policiais, outros eram ratos corruptos, mas ninguém merecia morrer dessa maneira. Mais a frente, uns 12 infectados, malditos  vermes imundos que mataram meus amigos, agora vão todos para o inferno e o responsável pelo julgamento serei eu. Peguei um Rifle M16 no chão, engatilhei e sai disparando uma saraivada de tiros, não queria nem saber se estava fazendo barulho, mas precisava vingar meus companheiros. Descarreguei um pente só nesses 12. E eu pude perceber que meus companheiros não foram transformados, pois seus pescoços praticamente não existiam mais. Sai garimpando entre os corpos para pegar suas armas, a maioria estava com suas 9mm por serem padrão. Peguei duas e deixei uma de reserva. Peguei todos os pentes que eu achei, agora eu estava bonito na história. Tinha mais armas lá, como outros Rifles, mas não fazia sentido eu pegar uma arma mais pesada, só iria me atrapalhar pra correr. Achei um bom carro e chave estava na ignição. Por sorte, a delegacia possuía um mecanismo de abertura manual dos portões e assim eu fui para a rua, que já enxia de infectados a essa altura, graças ao “pequeno barulho que eu fiz”.

Passei por uma esquina e vi meu parceiro Diego transformado, cheio de marcas de mordida, ele deve ter sofrido muito. Tive que parar o carro para atirar nele. Não podia deixa-lo nessa situação, afinal ele faria o mesmo por mim. Sem desligar o carro, abri a porta e dei um tiro em sua cabeça. Descanse em paz meu amigo! Nos vemos na próxima vida, que seu espirito pare de vagar e que você encontre sua luz. Ver seus amigos mortos é uma coisa, agora ter que atirar no seu melhor amigo é outra totalmente diferente. Eu lembro que quando nos conhecemos ele era um recém promovido e eu já tinha uma certa experiência, eu o ajudei em um caso e logo em seguida o Capitão nos colocou como parceiros. Posso lembrar de todas as vezes que ele salvou a minha pele e eu a dele. Era legal quando saímos para as baladas juntos atrás de mulher, então eu casei e ele também. Sua esposa morreu em um acidente de carro, ela estava gravida. Diego ia se matar, ia atirar em sua cabeça, pois sua dor era muito grande, mas antes dele apertar o gatilho, eu o achei e o desarmei. Poucos acreditaram que ele voltaria a trabalhar, mas ele foi forte e voltou melhor do que nunca. Eu nunca deixei de duvidar do meu amigo, que agora não era nada além de uma poça de sangue no chão. E foi pela minha arma que caiu.

Que Deus tenha piedade de nossas Almas. 

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