terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Capitulo 2 - Fugindo do Ap

Bateram na porta. Bateram na porta. Bateram na porta. E agora? O que eu faço?  Não consigo nem me mover. Tudo aquilo que eu sonhava quando era jovem, tudo o que eu discutia em teorias bizarras estava acontecendo. O que eu faço? Não é tão fácil quando é real. Bateram na porta novamente, uma voz feminina veio lá de fora:

- Níkolas? Você está aí? Me ajuda antes que apareçam mais, ou antes que eles se levantem!

- Gabriela? Eu estou indo!

Era a minha vizinha,  ela morava com o namorado, se mudaram para Barra Mansa a poucos dias, eram gente boa.  Corri, mal abri a porta e ela já entrou assustada, com uma arma na mão, e a roupa suja de sangue. Ela veio e me abraçou e me agradeceu. Ela me contou que Jorge, seu namorado, ia tentar descer pela escada para sair do prédio, mas com a demora dele, ela abriu a porta e 2 infectados estavam no corredor. No desespero ela conseguiu jogar a geladeira no chão e correu pro quarto, aonde  ela sabia que tinha uma arma. Pela sorte dela, o primeiro ela conseguiu derrubar com um tiro na cabeça, ela sabia atirar bem,  mas o 
segundo pulou em cima dela e eles lutaram um pouco, mas ela conseguiu derrubar esse também.

Será que é essa a chave para mata-los? A cabeça? Se for, vai ser muito clichê de filme Americano, mas faz sentido, pois danificando o cérebro, você corta os impulsos nervosos... É, faz sentido sim.  Após me contar o que havia acontecido com ela, ofereci para ela tomar um banho e se trocar, ela estava muito nervosa. Ela aceitou o convite e a levei para o banheiro, ela deixou a sua arma numa mesinha que tem no corredor e me esperou em quanto eu fui ao quarto para pegar uma toalha e alguma roupa.  De repente ela gritou de dor, e eu a ouvi cair no chão. Larguei a toalha e corri para ver o que tinha acontecido. Ela estava caída no chão, com a mão na perna. Eu cheguei perto e de longe eu vi que ela estava com febre, ela estava tão quente que eu podia sentir de longe. Pedi para ver a perna dela e ela me mostrou. Era uma marca visível de mordida, e ela parecia não saber que era essa a aparente forma de contágio. No susto, dei um pulo para trás, e ela sem saber o motivo da minha reação, me pediu algo para limpar o machucado. Eu só fiquei parado, olhando para ela, vou ter que mata-la...  Ela sem entender o porquê da minha reação, tentou levantar e caiu no chão de dor. Segundos depois, ela fechou os olhos, como  se estivesse desmaiando. Eu levantei e peguei a arma dela que estava na mesinha. Só tinha mais uma bala, e a minha arma e munição estava no quarto e ela poderia acordar a qualquer momento. Esse seria o momento perfeito de testar minha teoria do tiro na cabeça, mais precisava ser com ela? E se eu tiver errado? Que Deus me ajude.

Ela começou a se mexer de novo, parece que vai se levantar. Ela abriu os olhos, estavam brancos como se ela estivesse morta. Ela parecia não estar me vendo, mas me farejava como um animal e eu estava a poucos metros dela. Então Gabriela, ou o que restou, levantou e começou a gritar como um animal e veio para cima de mim com a boca aberta, tentando me morder. Por instinto, coloquei o cano da arma na boca dela, evitando assim, tomar alguma mordida. Ela poderia ter tirado o cano da sua boca, mas ela parecia ter perdido totalmente a racionalidade, querendo apenas morder e morder.  Sorte que eles eram burros. Pedi desculpas mentalmente pra  ela, e simplesmente apertei o gatilho. Foi sangue e miolos por toda minha parede, veio sangue em mim também. Fiquei com medo de ela levantar de novo e corri para meu quarto e peguei minha arma. Era uma 9 mm padrão da corporação, mas felizmente ela não levantou mais. É, estava certo sobre a teoria. Eu precisava sair de lá, ir para outro lugar mais seguro, talvez com os militares, não sei. Mas antes precisava me lavar e preparar uma mochila com mantimentos. Para evitar algum tipo de invasão quando estivesse distraído, coloquei a geladeira na frente da porta de entrada e fui tomar um banho.  Como não tinha eletricidade, tomei um banho gelado, preferia assim, deixei a água cair pelo meu corpo e fiquei pensando que esse seja talvez um dos poucos dias que eu vou poder fazer isso, tomar um bom banho e com calma. É, os dias são outros agora, as ruas estão machadas de sangue, pessoas viraram animais... E por que disso? Como isso começou? Bom, isso terá de ficar para outra hora, estou escutando barulhos no corredor. Desliguei o chuveiro, me enrolei na toalha, peguei a minha arma e fui até a cozinha, por sorte o barulho veio do corredor mesmo, se tinha algum infectado lá, ele não sabia da minha presença. Precisava pensar com calma em qual seria o meu plano, mas agora precisava vestir uma roupa, estava com frio e não seria bom enfrentar esses infectados com as minhas coisas de fora. Haha mesmo com tudo isso acontecendo, não perdi meu humor ácido que sempre foi  alvo de criticas pelos meus amigos.

Fui até o armário e peguei uma calça jeans e uma camisa. Mas eu olhei bem e me imaginei tentando correr com aquela calça, não daria muito certo não, mas eu usaria o que? Um short? Aqui costuma fazer muito frio à noite e sem contar que um short não vai me proteger direito.  Olhei para o lado e vi minha antiga farda, que eu usava antes de ser promovido a Detetive, da época que eu ficava na rua cuidando de pequenos roubos e bêbados briguentos. Isso seria perfeito, pois a calça da farda é feita de um material resistente, tem muitos bolsos  e correr com ela não é nenhum problema. Vesti a calça, vesti uma camisa e calcei um coturno  e fui preparar a mochila. Coloquei na mochila alguns pacotes de biscoito e enchi algumas garrafas com água e fui pegar munição. Na minha arma eu tinha um pente cheio e mais dois extras e por sorte eu tinha mais uma caixa com balas, deveria ter umas 50 ou menos. Tenho que me lembrar de sempre que eu tiver um tempo eu preciso prepara os pentes, uma vez que uma bala que não esteja na arma não é muito útil né? Haha... Achei também a minha antiga faca de caça, ela era muito boa e sua lamina deveria ter quase uns 40 cm e mesmo depois de tanto tempo sem usa-la, ainda estava bem afiada. Coloquei a arma no coldre e a faca na bainha dela, peguei um binóculo, coloquei um casaco, coloquei a mochila e... E... Fiquei parado!

Pra aonde diabos eu iria? Se eu conseguisse sair do prédio, pra onde que eu deveria ir? Se eu achasse algum lugar, quem sabe com outros policiais ou quem sabe militares... É isso seu idiota! Como não pensei nisso! Militares! Aqui tem um quartel, fica do outro lado da cidade, mas eu posso tentar a sorte lá! E seu eu ficar sem munição, posso tentar a delegacia, eu tinha a chave do armário de armas. Agora tudo está começando a dar certo. A parte difícil é chegar do outro lado da cidade, ter que passar por essas “pessoas”. Primeiramente eu tenho que sair daqui, ir para a garagem e pegar o meu carro. Fui até a varanda e dei uma boa olhada na rua, tinham por volta de 8 infectados perambulando por lá, fui até a cozinha para tentar sai. Tirei a geladeira, tentando não fazer muito barulho, saquei a arma e abri a porta devagar. Eu vi a minha vizinha do andar de cima, a senhora Dalva, ela estava toda rasgada e cheia de sangue. Sim, ela estava infectada. Mas se ela desceu até aqui, deve ter sido pelos tiros e se ela desceu, devem ter outros na escada, não posso arriscar atirar nela e atrair mais, não sei quantos tem. Pensei bem e vi um cano de ferro que tinha ali na cozinha, há semanas que eu deveria ter jogado aquilo fora, mas ainda bem que minha preguiça vai me ajudar dessa vez. Fechei a porta e fui até onde o cano estava. Peguei-o e decidir tentar uma nova teoria. Peguei um pano e o molhei para ele ficar bem pesado, abri a porta novamente bem devagar, e joguei o pano por cima dela e ele caiu do outro lado corredor chamando a sua atenção. Ela foi na direção do pano tentando  encontrar algo para morder, aproveitei a distração dela e parti pra cima. Fui correndo e acertei uma só na cabeça dela, foi tão forte que o cano amaçou, e para ter certeza ainda dei mais 3 porradas nela fazendo voar sangue e restos de crânio por toda a parte. Larguei o cano no chão e fui ver como a escada estava. Eu podia ouvir alguns passos e gemidos vindos de lá. Eu já matei dois deles, mas todos os dois estavam sozinhos, não sei como iria me comportar de ante de vários assim. A escada está inutilizável! Por onde vou passar?

Então me lembrei de que uma vez o porteiro me disse, que quando o prédio estava sem luz, as portas do elevador se abriam com facilidade, para o caso de alguém estar preso lá dentro. Era só enfiar alguma coisa no canto superior direito da porta e fazer um pouco de força que ela é destravada. Peguei a faca, achei o local e fiz um pouco de força e ela abriu. Tinha uma escada que era usada pra a manutenção do elevador e essa escada dava ate o nível da garagem, aonde justamente eu precisava ir. Lembrei que em casa tinha uma lanterna, corri lá e a peguei e me preparei para descer.  Comecei a descer bem devagar, não gostava de alturas. Estava bem quente lá, e eu transpirava muito, minhas mãos estavam molhadas e eu quase escorreguei  3 vezes. Depois de ficar uns 15 minutos alternando em descendo a escada e tomando folego, conseguir chegar até o meu destino: A garagem. Fiz a mesma coisa com a porta e ela abriu. Saí de lá bem devagar e dei uma olhada, não tinha nenhum infectado, agora era só torcer para meu carro estar inteiro. Meu carro era um Astra modelo 2004. Apertei o alarme e gelei quando ele fez o PI PI  pois se algum deles escutou, eu estava ferrado. Entrei no carro, coloquei minha mochila no banco do carona e liguei. Fui dirigindo devagar até o portão e parei em frente a ele. Precisava estar preparado para atropelar qualquer um que entrasse na frente e pensar numa rota fácil para o quartel, mas a parte difícil seria atravessar a ponte.

Tomei coragem e apertei o botão do controle para a porta abrir e... Ela não abriu. NÃO TINHA ENERGIA NO PRÉDIO, COMO EU PENSEI EM ABRIR A PORTA? POR CRISTO, EU SOU MUITO BURRO! E agora?

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